sábado, 31 de janeiro de 2015

Até que tudo vire ausência


"O profundo silêncio que se escuta. 

Eco de liberdade. 

Fios de cabelo no chão. 

Quantos cairão até o final do último parágrafo? 

Eu celebro o ato de descamar diariamente. 

Um pedaço de pele. 

Um pedaço de unha. 

Um pedaço de palavra. (…) 

Os pés dançam sob o abismo velado a espera 

diária por uma solução eficaz. 

Eu bebo a minha eternidade no café da manhã. 

Assopro as certezas para longe. 

Peço para que em breve, não haja mais chão. 

Nem buracos. 

Nem padrões. 

O meu tempo deve ser todo consumido. 

Me despeço enquanto apago as memórias deixadas. 

Intercessões, alegrias, dores, marcas, as cicatrizes e afins. 

Até que tudo vire ausência. 

E o acaso me transforme em lembrança."


Patricia Del Rey


Nenhum comentário:

Postar um comentário