quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tu me encantas


A tua solidão é tão vasta quanto a minha. 

Confessa.

Tuas noites são povoadas por saudades. 

E memórias.

Tu também olhas pela janela nas altas 

madrugadas desejando um amor. 

Em segredo.

Tu também te perdes, caminhos errados

pessoas estranhas – o santo não bate, 

lembra?

Ninguém desconfia das tuas angústias. 

Nem mesmo eu.

E então, com meia dúzia de palavras bonitas, 

mas difíceis, tu te desnudas. 

Sem querer?

Não te imagino intencional. 

És um aviãozinho de papel a

vagar pelos ventos sem rumo.

Engana-te se achas que é possível ser 

terrivelmente feliz nestes esconderijos.

Abre-te para os encantos. 

É lá que moram os olhares encontrados,

a pele arrepiada, o pé que encosta 

no outro sem aviso. 

As mãos dadas. 

Tu me encantas.

Longe, perto, sem saber –

até hoje.

Silvia Pfeifer


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