A tua solidão é tão vasta quanto a minha.
Confessa.
Tuas noites são povoadas por saudades.
E memórias.
Tu também olhas pela janela nas altas
madrugadas desejando um amor.
Em segredo.
Tu também te perdes, caminhos errados,
pessoas estranhas – o santo não bate,
lembra?
Ninguém desconfia das tuas angústias.
Nem mesmo eu.
E então, com meia dúzia de palavras bonitas,
mas difíceis, tu te desnudas.
Sem querer?
Não te imagino intencional.
És um aviãozinho de papel a
vagar pelos ventos sem rumo.
Engana-te se achas que é possível ser
terrivelmente feliz nestes esconderijos.
Abre-te para os encantos.
É lá que moram os olhares encontrados,
a pele arrepiada, o pé que encosta
no outro sem aviso.
As mãos dadas.
Tu me encantas.
Longe, perto, sem saber –
até hoje.
Silvia Pfeifer
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